Novidade nenhuma para os fãs, muito menos para os livreiros. Michael Jackson foi um consumidor voraz de livros. Sua coleção perfazia um total de 10.000 livros. Eu e meu humilde acervo compreendemos essa relação de colecionismo que cultivava esse real leitor. Não me causa espanto, pois sei que dificilmente alguém, com tamanho espírito criativo e sensibilidade, seria o ser superficial que muitos quiseram fazer crer.
Em entrevista ao L.A Weekly o advogado Bob Sanger que assistiu a Michael judicialmente por 16 anos, disse que ele fazia questão de se cercar de livros e mais livros em casa. Sobretudo em seus lugares preferidos. Não é difícil imaginá-lo depois de horas de treino a buscar inspiração em seus livros prediletos. Autodidata, o rei do pop fazia parte do círculo exclusivo de entusiastas da leitura, conforme afirmou Bob Sanger. E mais: Seus livros sempre apresentavam sinais de uso, ou seja, rechonchudos pelo efeito dos marcadores de páginas, recheados de anotações.
Eu me recordo de uma entrevista em que um escritor (cujo nome não me lembro…rs) foi convidado a ir Neverland, pois Michael Jackson ficara entusiasmado com que havia lido. Chegando lá, Michael já estava com o livro em mãos, todo rabiscado, ansioso para crivá-lo de perguntas. Tal escritor ficou admirado da profundidade de pensamentos que MJ expressava com competência de leitor. Ao que parece, Michael Jackson alcançava um estágio de leitura a que poucas pessoas chegam. O estágio em que o leitor mesmo diante de assuntos obscuros e abstratos, possui repertório para seguir o fio da meada. E bacana foi saber por intermédio desse mesmo escritor que o discurso de Michael não recaía no pomposo. Ele sabia diluir o conteúdo denso da mensagem com simplicidade. Eu acho isso o máximo!
Julien Green, premiado escritor norte-americano, já dizia que a cultura não se improvisa. São necessários vários anos para que se apreciem as belas artes com inteligência e sensibilidade. E no que diz respeito às artes, Michael Jackson foi um profundo entendido.
Mas, vamos falar de suas visitas as livrarias? Quase sempre as livrarias fechavam para recebê-lo. No círculo dos livreiros, conta-se um episódio onde em um evento cheio de donos de livrarias, um deles comentou que MJ havia ido à sua loja. De imediato, a maioria respondeu: “Ele foi à minha também”. E pela retumbância do eco ficou claro o valor que MJ dava a leitura. Segundo esses mesmos livreiros, MJ gostava de ir à sessão de poesias. Talvez buscasse inspiração para suas letras. Muitas delas, a meu ver, soam filosóficas e transcendentais. Isso me fez lembrar de um depoimento do cantor Akon quando disse que enquanto uns pensam localmente e outros globalmente, Michael Jackson pensava planetariamente. Enxergou a equação aí? Ler+pensar+Fazer.
Suas escolhas literárias eram ecléticas. Filosofia, história, prosa, poesia, música, arte, arquitetura, ficção adulta e infantil… lia de tudo. Conta-se que uma vez, ele chegou à livraria em uma van lotada de crianças dizendo-lhes para que comprassem os livros que quisessem. (OMG! Meu sonho de infância, de agora e de sempre: “Escolha os livros que quiser”! Tomara que essas crianças tenham guardado na memória esse momento).
Como pai, buscou cultivar em seus filhos o gosto pela leitura. A julgar pelo entusiasmo das crianças quando estiveram na livraria irlandesa Hughes & Hughes, a semente já deu frutos. Wright, o dono da livraria, conta que “Praticamente rodaram toda a seção infantil, sempre mostrando seus achados ao pai, dizendo, “Papai, veja este livro”, “papai, dê uma olhada nisto, veja este livro sobre fadas! Papai olhe isto!”. Paris procurava por livros de contos de fadas, já Prince, queria as estórias de Beano.
Fonte: http://www.emjey.com/portuguese/news/archives/viagens/index.php)
Fonte: http://www.emjey.com/portuguese/news/archives/viagens/index.php)
Nesse mesmo dia, Michael estava absorto na leitura de um livro sobre os Beatles.
Dizem que Ralph Waldo Emerson era o seu poeta preferido. Não sei. Porém, ao pensar que Michael possa ter lido o verso abaixo, eu acredito que sim.
Ser você mesmo em um mundo que está constantemente tentando fazer de você outra coisa é a maior realização. (Ralph Waldo Emerson)
Fonte: Romance Gracinha
Que lindo... esse é o nosso Rei... sempre se informando.. interado com o mundo...
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